domingo, 21 de junho de 2009

- Relação da entrevista com textos discutidos em sala de aula



Alunas: Amanda Tôrres

Angélica Fernandes

Virna Varela

O trabalho feito se dedica a perceber, através de uma entrevista, os aspectos do profissional professor: do que o levou à profissão, de como é o seu dia-a-dia e de suas perspectivas profissionais. Essa atividade foi proposta como uma avaliação na disciplina de Fundamentos sócio filosóficos da educação, e junto com os alunos, a professora estruturou seguimentos da entrevista.

A entrevista em questão foi feita com a professora que trabalha no IFRN com a disciplina de Biologia, formada na UFRN em 93. Adriana, além de professora, é diretora de um departamento da instituição e ensina desde 1999.

Essa última avaliação tem como objetivo também explicitar as relações existentes não só da entrevista com os textos discutidos em sala de aula, como também deles entre si. Embora nem sempre seja visível, ou acessível ao primeiro ver, há uma interligação entre todo esse conhecimento adquirido e que esse grupo pretende mencionar. Um exemplo está na relação entre um dos textos de Edgar Morin, a cabeça bem feita, e um dos assuntos do livro de Paulo freire, Pedagogia da autonomia. Ambos buscam expressar a idéia do pensar sobre o fazer, ou seja, da importância de estar buscando a melhor forma de pensar, a melhor forma de agir tendo como alicerce uma sociedade suscetível a futuras mudanças.

De um lado Edgar Morin mostra a maneira de ver o conhecimento, colocando-o como um vasto caminho de ligações entre disciplinas e saberes adquiridos, onde nada é isolado em sua essência, nem compactado como se não houvesse relações com o externo. E do outro, Paulo freire mostra a melhor maneira de utilizar esse conhecimento, voltando-o para a ação de uma mudança.

A relação, que há entre o tema tratado no parágrafo anterior e a entrevista, pode ser exemplificada com algumas falas da professora, a primeira foi quando perguntamos a ela qual o motivo pelo qual ela desejava ser professora, e nesse ponto da conversa ela responde que não queria ser professora, de início, mas que resolveu seguir esse caminho devido a necessidade de ensinar no campo da biologia. E apesar do problema da timidez, onde disse até ter fugido de seminários, continuou nesse curso e persistiu. A segunda fala se referiu ao fato de, sendo professora, qual seria a relação dela entre a teoria e a prática. Ao que ela respondeu que: “o professor, além de exercer essa profissão por vocação, precisa ter consciência de onde necessita melhorar”.

O fato de pensar sobre o agir, onde acabar com a timidez foi uma conseqüência, deu lugar a uma mudança. Isso é tratado por Paulo Freire, no tópico “Ensinar exige convicção de que mudança é possível”, do livro Pedagogia da autonomia, como aspecto de uma ação formadora, ou seja, o ser humano é capaz de enxergar seus obstáculos, não se adequando a um mundo em que o estado das coisas é imutável, e sim transformando um mundo sensível a qualquer alteração. Também na segunda fala é visível esse aspecto da liberdade que o ser humano tem de mudar o seu próprio caminho, seja somando ou subtraindo, pois este não está predestinado e, portanto é, de novo, suscetível a mudanças.

É ainda também Edgar Morin que cita no seu texto, pensamento sobre a ética, uma maneira de oscilação entre o egoísmo e o altruísmo para a formação de uma ética propriamente dita. Tendo o ser humano consciência da sua existência da mesma maneira como tem consciência da do outro, embora seja difícil perceber essa semelhança do outro para com o mim, haveria então o início de um equilíbrio. Na sala de aula esse equilíbrio se dá não só na relação professor – aluno, como pode ser exemplificado pelas pedagogias (escola nova, tradicional, etc.), mas também na relação do professor com ele mesmo, indagando-se em busca de uma melhora na passagem do conhecimento para o aluno.

Outra questão que pode ser relacionada, a partir da entrevista, é a desse equilíbrio entre os elementos de uma sala de aula, conteúdo/professor/aluno, dando ênfase mais aos dois últimos com a mesma.

A professora respondeu no: sendo professor, relação entre a teoria e a prática, que buscava sempre nivelar o conhecimento para todos os alunos em um geral. E ainda nessa resposta, ela diz, “eu gosto de dar aula e ao mesmo tempo me auto questionar para ver se eu mesma estou entendendo aquilo que estou explicando”. Em suma, segundo o que essa professora diz, é possível notar em suas ações a intelectualidade de quem quer realmente transformar. Seja apartir de conceitos de ética, de mudança, ou outros.

Paulo Freire, em todo o seu livro busca dar conselhos sobre o modo de agir de um educador, e toca principalmente no tema do ser humano como transformador, e antes conhecedor, de um meio. Seja na rigorosidade do jeito de agir do professor, na sua influência sobre a vida dos alunos, na sua visão crítica, na sua capacidade de alterar o próprio agir, ou o próprio pensar, direcionando a um pensar certo. No seu comprometimento, etc., e mesmo sem saber muitos professores seguem ingenuamente esse caminho.

De forma geral, a professora nos deu mais alguns aspectos sobre a sua carreira, como as expectativas, as dificuldades, projetos, e também nessas respostas foi possível relacionar aspectos dos tópicos do livro “Pedagogia da Autonomia” de Paulo Freire, pois, esse livro aborda assuntos que podem ser vistos cotidianamente, sem precisar se tornar um professor. Por exemplo: a professora não encontrou dificuldade alguma para ensinar em sala de aula, devido ao fato de a instituição oferecer recursos suficientes para que essa professora com freqüência fizesse suas buscas por melhores conteúdos, seja em livros, internet, ou outros. Mas a vontade de buscar veio dela, essa visão do mundo como um livro aberto, aonde os conhecimentos chegam até você através de uma iniciação sua. Essa visão de ser humano como agente na História, pois esta não é questão de passado, mas também presente e futuro. A visão do ser humano não tem apenas que constatar e retratar os problemas, mas também consertá-los. Nesse caso não é necessário que se altere o curso do mundo, mas sim a alteração de pelo menos o próprio mundo, no qual se está inserido uma pequena quantidade de eventualidades que desencadeiam uma mudança por si só, partiu da própria professora, e desse modo ela é uma agente transformadora.

Todas essas coisas são também retratadas em vários tópicos de Paulo Freire e implícita e desconhecidamente se encontram na ideologia de muitos educandos.



Bibliografia

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 20ªed., SP: Paz e Terra, 2001.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 20ªed., Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2006, p.21-33.

MORIN, Edgar. O pensamento da ética. In: método 6. Ética. Porto Alegre: Sulina, 2005, p.19-30.

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